SOU JOÃO, SOU PEDRO, SOU ANTONIO, 1974

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    Flávio Império expõe sua arte numa escola de desaprender, 1974
    Publicação e autor desconhecido

    Acervo Flávio Império

    © Flávio Império

    Flávio Império Expõe sua Arte Numa Escola de Desaprender

    Na mesma festa, Flávio inaugura exposição e Myriam Muniz e Silvio Zilber, seu Centro de Estudo Macunaíma

    Miriam Muniz e Silvio Zilber queriam abrir uma escola onde, em vez de aprender, os alunos desaprendam. Flávio Império queria expor seus trabalhos para um público diferente dos habituais vernissages. Com bolo de fubá, pipoca, quentão – numa festa caipira que começa às 21h de hoje – Miriam e Silvio inauguram seu Centro de Estudos Macunaíma e Flávio sua exposição.

    No Centro, Silvio dará cursos de comunicação e criatividade, partindo do princípio que todo processo de aprendizagem é repressivo.  Para que seus alunos se libertem, ele empregará um método baseado na sua experiência de quinze anos de trabalho: uma mistura de Stanislavski e Grotowski, contrabalançados com ioga.

    Na exposição, Flávio Império mostrará seus trabalhos de 1971 a 74: quadros, estandartes, túnicas e batas estampadas em silkscreen. Sempre com aquela criatividade que deu a Flávio prêmios que vão do Saci ao Governador do Estado, passando por vários Molière. E que o levou a representar o Brasil na Bienal Americana de Arte, em Córdoba, e na Quadrienal de Praga.

    As túnicas que fazia, Flávio dava de presente aos amigos. Até que estes sugeriram que ele fizesse uma porção e expusesse. Foi o que ele fez. Mas ainda prefere fazer roupa para quem conhece, para poder identifica-la com a pessoa que veste. E aí está o divertido e o lúdico dessa nova forma de expressão artística. Alem do fato de que o corte das túnicas, saias e batas permitem que elas sejam transformadas em lindas bandeiras para enfeitas as paredes.

    Mas, nesta exposição do Macunaíma, Flávio também expõe peças de madeira, buxa e pano de fardo. Além de peças de fibra de vidro (fiberglass) e pinturas em madeiras. Cada um deles dedicado a uma pessoa de quem Flavio gosta.

    - Quero que minha exposição seja como um disco de Gal ou Caetano, que tem um rock complicadíssimo e também uma modinha brasileira.  

    As roupas de Flavio estarão à venda com estres preços: túnicas Cr$ 300,00, batas Cr$200,00, saias Cr$ 300,00. Objetos, quadros e estandartes custam de Cr$ 50,00 a Cr$ 10mil.

    Na festa que se chama “Sou João, Sou Pedro e Sou Antônio”, quem gosta de música também vai conhecer o trabalho de Irene Portela e PiniPini tem 25 anos e Irene 28. Eles optaram por fazer música e vão tentar viver profissionalmente “de música”(sabem o risco que correm), compõem  sobre o que acontece em seu dia-a-dia, contam o cotidiano e tudo o que lhes causa um “certo impacto”.

    Irene em sua música “Branco no Branco”, diz: “Deixa o tempo passar só no teu cabelo e deixa a batida do vento bem solto na tua barriga lembrar que o sol toda manhã te renova, toda manhã te abastece”.

    Pini, em “Boato nº1,” diz: “Ouvi dizer que por essa cidade grande vai passar uma imensa caravana de homens e mulheres e crianças sem mágoas, nem bandeiras em seus olhos. Ouvi dizer que por este porto triste vai passar uma caravela diferente. Diferente porque nela não existe aquela tabua dos 10.000 mandamentos”.

    Eles convidam as pessoas que gostam de fazer música : - Tragam os instrumentos e venham alegrar a festa.

    Cecília Cerroti completa a festa com seus curta-metragens. Realizados em 73. São filmes Super-8, coloridos: “O Chá” e “Fora da Gaiola”.

    E você pode participar da montagem de um painel que vai inaugurar a galeria permanente do Centro de Estudos Macunaíma. O material está lá, você traz criatividade e imaginação.

    Hoje a festa começa às 21h e vai até o sol raiar. Amanhã e domingo, começa mais cedo, às 15h. E neste fim de semana, as crianças podem desligar a televisão e aproveitar para conhecer formas lindas, objetos diferentes, um artista plástico importante, ver cineminha e escutar música.

    O centro de Estuda Macunaíma  fica na r. Camilo, 91.

    SOU JOÃO, SOU PEDRO, SOU ANTONIO, 1974