Desenhos de Odrizola e bandeiras de Flim

Em dois locais ainda não muito comuns aos aficionados das artes visuais estão trabalhos de bom nível no gênero grafismo: os desenhos simbólicos de Odrizola, no Rodeio, e as litografias e bandeiras com figuras e formas de Flávio Império, na Tenda. 

Os novos desenhos de Odrizola no Rodeio (rua Haddock Lobo, 1.498) são sequência de suas composições anteriores. O seu original pontilhismo permanece, como os pormenores taurinos e de aves, formando um mundo mágico construído pelo artista premiado como o melhor desenhista da VIII Bienal de São Paulo. Sempre bem apoiado pelas cores, em cada um dos trabalhos emerge a força do artista que mantém uma extraordinária vitalidade no ateliê, despreocupado em arremeter-se para conquistas efêmeras. Odrizola segue um padrão de produção quase inalterado ao longo de duas décadas, com a vantagem de enriquecer, sempre, tanto as manchas informais como o simbolismo das figuras retratadas. Um artista que continua na ponta dos mais representativos valores de que dispomos na área gráfica.

As litografias, desenhos e bandeiras que Flávio Império mostra na Tenda (al. Jaú, 1.894) dão conta de que esse irrequieto produtor de obras de arte está longe de contentar-se com o que tem realizado até aqui. Em busca de uma meta maior, ele investe em setores múltiplos, sem perder-se. Amparado pelo conhecimento de arquitetura e de diretor cenotécnico, Flim – como assina seus trabalhos – amplia sua visão na área visual e consegue atingir uma composição equilibrada. Ainda não é um desenhista/gravados maduro, de maneira que possa ser colocado na primeira linha dos nossos melhores artista. Mas a trilha que segue poderá logo conduzi-lo a uma posição invejável, porque atributos de arrojo gráfico formal não lhe faltam. As medusas, folhas de bananeiras e figuras enfocadas nas obras agora expostas são indícios de que Flávio Império está no caminho certo. Bastará trabalhar em cima para não se perder. 

IVO ZANINI