CENTRO DE ESTUDOS MACUNAÍMA
(1974-1976)

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    Trecho de “O Ensino”
    1997
    Giramundo. Myriam Muniz, o percurso de uma atriz,
    Maria Thereza Vargas (org.),
    Ed. Hucitec, São Paulo, 1998

    © Myriam Muniz

    Em 1974, Sylvio Zilber, Cláudio Lucchesi, Flávio Império, Marcelo Peixoto e eu fundamos o Centro de Estudos Macunaíma (um pouco mais tarde juntou-se a nós o terapeuta Roberto Freire). Funcionamos um tempo na na Lapa, mas depois fomos para a Rua Lopes Chaves, na casa onde residiu Mário de Andrade.

    Nossa proposta para uma Escola de Teatro era bastante diferente da de Alfredo Mesquita para a sua Escola de Arte Dramática (EAD). O Macunaíma correspondia a outros tempos. Não estávamos muito longe de 1968, marco de tantas lutas e viradas de mesa. Os anos 60 são lembrados como anos de batalha para destruir o velho e impor o novo. Instituições, ideias, tabus eram postos a prova.

    Na EAD, o pouco Stanislavski que nos chegava era apenas trabalhado em nossas mentes. O corpo ia acompanhando certinho o que nossas palavras expressavam, sem muita discussão nem alterações. Nos anos 70, ele (o corpo) tomou praticamente a dianteira. Aprendia-se que a neurose estava nele e era necessário libertá-lo para que a criatividade pudesse surgir.

    Junto com Flávio armamos o curso em torno de exercícios básicos:
    - exercícios de sensibilização (tornar a pessoa mais sensível a uma situação forte).
    - exercício de sensorialização (desenvolver a sensibilidade de todos os sentidos).

    Me lembro que hoje de um dos primeiros exercícios dados pelo Flávio: armou um caminho de pedrinhas, água gelada, água quente, luzes, coisas que caíam e as pessoas, com os olhos vendados, percorriam o caminho, sentindo o que tocavam. Era muito bonito esse exercício e só mesmo um artista poderia idealizar uma coisa dessas.

    MYRIAM MUNIZ

    CENTRO DE ESTUDOS MACUNAÍMA
    (1974-1976)