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OS FUZIS DE DONA THEREZA (1968)

Por iniciativa de um grupo de estudantes da USP, o Teatro dos Universitários de São Paulo foi reativado em 1966. Sem relação institucional com a Universidade, o grupo promoveu desde debates com diretores e teóricos expoentes do teatro paulista da época a montagens de espetáculos contando, como atores, com alunos das mais diversas escolas. Sob direção de Paulo José, em 1967, os estudantes levam aos palcos A exceção e a regra, de Bertolt Brecht.

No mesmo ano, Flávio Império assume a direção artística do grupo e, junto com André Gouveia, organiza a revista aParte, dedicada a temas interessantes às diversas áreas artísticas - artes visuais, teatro, cinema, arquitetura, poesia, etc - contando com a colaboração de Sérgio Ferro e Augusto Boal, entre outros.

Neste contexto, Flávio responsabiliza-se pela direção do espetáculo Os Fuzis de Dona Tereza, adaptação livre de Os Fuzis da senhora Carrar, do mesmo autor alemão. A peça excursionou por diversos estados brasileiros, terminando por encerrar gloriosamente o Festival Mundial de Teatro Universitário de Nancy, na França, em 1969. Com o recrudescimento da opressão militar o grupo foi novamente extinto.

A descrição do espetáculo encontrada na crítica especializada da época, tanto nos periódicos nacionais quanto internacionais, assim como os depoimentos de espectadores e participantes dão a dimensão do trabalho de Flávio Império como diretor, contando com Myriam Muniz como assistente de direção e preparação dos atores.

O espetáculo dirigido por Flávio Império é, do primeiro ao último minuto, como um ritual. Não um ritual primitivo, mas uma liturgia solene e elaborada, fundeada sobre um constante e trabalhado "crescendo" de ritmo, de densidade e de aparatos, através do qual o espectador é arrancado, pouco a pouco, de sua autoconsciência individual e levado, irresistivelmente, a um estado de comunhão místico-artístico-político com a celebração dos intérpretes.

É , sem dúvida nenhuma, um espetáculo concebido por um artista plástico extremamente sensível à dinâmica própria do teatro, e consequentemente capaz de criar uma beleza visual que sempre parte de uma noção de movimento.

Yan Michalski

Theàtre e Université, nº 17 - Revue Trimestrielle Universitaire International de Formation et de Recherce Dramatiques de Nancy et du Festival Mondial du Theatre Universitaire.

Estréia
03 de maio de 1968
Teatro Ruth Escobar
São Paulo - SP

Autoria
Bertolt Brecht

Direção
Flávio Império

Direção de atores
Myrian Muniz

Cenografia

Flávio Império

Figurino
Flávio Império

Realização
Teatro dos Universitários de São Paulo

Elenco
André Gouveia
Bety Chachamovitz
Cida Previatti
Maria Alice Machado
Moacyr Vilella
Renata Souza Dantas
Rose La Creta
Sérgio Mindlin

DEPOIMENTOS

OS FUZIS DE DONA TEREZA FOI O CARRO ALEGÓRICO QUE PUXOU PARA FORA O ...

FLÁVIO IMPÉRIO
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