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RODA VIVA (1968)

"Os figurinos eram roupas rituais. O Flávio, como o Hélio Oiticica, faz falta porque não há mais a ideia do ritual. O Flávio fez figurinos rituais, de tal maneira que, no momento em que você entra em um deles, está incorporado. Ele desenvolveu essa história de paramentação de uma maneira muito especial e original, uma forma ritualística de criação que me lembra o Bispo do Rosário, curtida em cada detalhe por suas próprias mãos."

José Celso Martinez Corrêa


Depoimento para exposição Rever Espaços, Centro Cultural São Paulo, 1983

O espetáculo Roda viva impressionou pelo tom deliberadamente agressivo da direção, dos figurinos e das marcações de cena. Trabalhando sobre o palco italiano, Flávio Império rompeu os limites entre o palco e platéia, levando a cena corporalmente até o espectador, através da passarela e do coro e também das projeções de slides realizadas sobre as paredes do edifício.

O jovem Chico Buarque, convidou José Celso Martinez Corrêa e Flávio Império, com os quais havia trabalhado na montagem de Os inimigos, para que levassem ao palco o primeiro texto teatral que o compositor escrevera.

A ingênua história de ascensão e queda de Benedito Silva, cantor e compositor de sucesso inventado e fabricado pela e para a televisão, é o mote da trama que se desenvolve graças à ação do Anjo da Guarda e do Capeta. Com a ajuda dos dois personagens, o tolo e ambicioso Benedito transforma-se no cantor de grande sucesso popular, Ben Silver. Sua genialidade fabricada é ininterruptamente monitorada e redirigida a cada vez que se pressente baixos índices de popularidade. Assim, Ben Silver, o herói pop é transformado em Benedito Lampião, cantor “bem brasileiro, bem violento, cantando baião e marcando o ritmo na queixada”, para em seguida ser jogado fora e substituído por sua própria esposa, Juliana, igualmente transfigurada.

Durante toda a encenação Mané, personagem vivido pelo ator Paulo Cesar Pereio, assiste a cada movimento desde sua mesa de bar, e os comenta junto ao protagonista, como uma espécie de alterego de Benedito, sua consciência longínqua.

Com direção de José Celso Martinez Corrêa, Roda Viva estreou no Teatro Princesa Isabel, no Rio de Janeiro, no dia 17 de janeiro de 1968. Neste mesmo ano, após a apresentação da peça no teatro Ruth Escobar, em São Paulo, uma ação do grupo paramilitar Comando de Caça aos Comunistas destruiu parte dos cenários e camarins, agredindo fisicamente os atores que lá se encontravam. A peça acabou sendo censurada e saiu de cartaz.

Estréia
17 de janeiro de 1968
Teatro Princesa Isabel
Rio de Janeiro RJ

Autoria
Chico Buarque de Hollanda

Direção
José Celso Martinez Corrêa

Cenografia
Flávio Império

Figurino
Flávio Império

Iluminação
Marques de Oliveira

Projeto Gráfico
Maria Nynssen

Direção musical
Carlos Castilho

Coreografia
Klaus Vianna

Música
Romário José Borelli

Realização (Rio de Janeiro)
Roberto Colossi Promoções Artísticas

Realização (São Paulo)
Ruth Escobar
Joe Kantor

PRODUTOR DULCE MAIA SYLVIO MOTTA DIREÇÃO DE PRODUÇÃO RENATO CORREA ...

DEPOIMENTOS

EM 1968 FIZ RODA VIDA, UM TEXTO DO CHICO BUARQUE. "QUE TAL ESTRUTURÁ-LO, ...

FLÁVIO IMPÉRIO

CHEGOU RODA VIVA, CHICO NOS CONVIDOU, A MIM E FLÁVIO PARA FAZERMOS UMA ...

JOSÉ CELSO MARTINEZ CORRÊA
FIGURINO
EM CENA
PROGRAMA
CONVITE
REPERCUSSÃO