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REVEILLON (1975)

Sobre palco italiano, o cenário do apartamento divide a cena com a rua e o skyline da cidade. Materiais de uso pouco convencional no teatro definem os diferentes ambientes de cada membro da família: de um lado painéis de folhas de jornal, de outro um papel de parede estampado velho, desgastado, ao centro a malha de algodão tingida tensionada. Objetos em profusão dão a referência naturalista da encenação.

Ao fundo, uma plataforma conforma um plano elevado de ação, enquanto o proscênio é ocupado por um piso "translúcido"- construído em estrutura de sarrafos que permite a passagem da luz e do vento sob os corpos dos atores. Imagens projetadas completam o quadro, estampando o suicídio da heroína em manchas de sangue e matérias de jornal.

A ação da peça se passa em dois planos, o da realidade, presa no espaço e no tempo - o apartamento no dia de Reveillon - e o do devaneio das lembranças de Janete e Fernando.

O espetáculo Reveillon, de Flávio Márcio, reuniu, depois de vários anos, Paulo José, como diretor, e Flávio Império, como cenógrafo e figurinista, reacendendo uma das fortes parcerias e amizades formada pelo Teatro de Arena. A montagem fora encomendada por Regina Duarte, uma das mais populares atrizes da televisão brasileira com raras incursões pelo teatro. Regina procurava, com a peça, romper com a imagem de sorridente namoradinha do Brasil.

É a manhã do dia 31 de dezembro de 1973, mais ou menos onze horas, quando as cortinas se abrem.
Em um apartamento, no centro da cidade de São Paulo, uma família de classe média se prepara para a passagem de ano.

Indicação inicial do texto da peça

Adélia, a mãe, prepara a ceia enquanto põe a casa em ordem; Murilo, o pai aposentado, termina de escrever sua autobiografia elaborando uma infindável lista de dedicatórias, Guima, o caçula, ensaia a escrita de poemas de morte enquanto Janete, a filha provedora da família, se vê diante da possibilidade do retorno de seu ex-namorado, Fernando.

Reveillon é um espelho onde olhos perspicazes podem ver refletida a nossa própria imagem de homens
torturados, além do limite da resistência, pela falta de compreensão e ternura que nos domina. Pobres homens que somos, sempre à procura de razões para crer no absurdo, sem perceber o significado masoquista de
permanecermos ligados uns aos outros pelo medo da solidão. Justamente no dia de Reveillon, data importante para uma sociedade fetichista como a nossa, que Flávio Márcio nos mostra que a vida do homem se tornou desesperadamente errada, porque ele não consegue mais livrar-se de sua maior prisão.
Iolanda Gentilleza, programa do espetáculo.

Estréia
10 de abril de 1975
Teatro Sesc Anchieta
São Paulo - SP

Autoria
Flávio Márcio

Direção
Paulo José

Cenografia
Flávio Império

Figurino
Flávio Império

Iluminação
Abel Kopanski

Fotografias das projeções
Djalma Limongi Batista

Comunicação Visual
DPZ

Realização
Duarte Franco Promoções Ltda.

COREOGRAFIA MARIKA GIDALI TRILHA SONORA CONRADO SILVA SONOPLASTIA ABEL ...

DEPOIMENTOS

REVEILLON, DE FLÁVIO MÁRCIO, COMEÇOU A SER ENSAIADO NA MAISON SUISSE, ...

FLÁVIO IMPÉRIO

NO TRABALHO DO FLÁVIO, NÃO TEM UM ELEMENTO QUE ELE COLOQUE EM CENA, QUE NÃO ...

IACOV HILLEL
CENÁRIO
FIGURINO
MEMORIAL DESCRITIVO
EM CENA
PROGRAMA
REPERCUSSÃO