Em julho de 1985, Maria Bethânia estreava no Palace (São Paulo) o espetáculo comemorativo de seus vinte anos de carreira, com direção de Bibi Ferreira. Nesta altura, a presença visual do cenógrafo Flávio Império já se tornara uma marca de seus shows. Sétimo trabalho realizado ao lado de Maria Bethânia, 20 Anos de Paixão solicitava uma cenografia, ao mesmo tempo, diversa, movente e neutra, uma vez que reunia (e recriava) momentos antológicos de montagens anteriores. Maria Bethânia passeava por um repertório eclético, dizia textos sobre o seu ofício e em homenagem aos “mestres” de sua vida. Flávio concebeu um degrau central que avançava para além da boca de cena. Sobre o palco, fez surgir uma plataforma sinuosa que abrigava os músicos e uma rampa por onde Bethânia deslizava em interpretações vibrantes. Além de remodelar a estrutura do tablado, Flávio projetou várias rotundas que modificavam o cenário a cada bloco temático do show e que interagiam com a iluminação concebida também por Bibi: aberturas em tecido, um céu estrelado, a lua, o sol, uma cortina de flores. Menos de dois meses após a estreia em São Paulo, todos foram surpreendidos pela morte prematura de Flávio. As saudades foram traduzidas em homenagens. Na temporada do espetáculo no Rio de Janeiro, o saguão da casa de shows Canecão recebeu uma exposição póstuma com figurinos e desenhos do parceiro de Bethânia ao longo de toda sua trajetória artística. No programa especial de 20 Anos de Paixão, a gratidão da intérprete aparece em forma de poesia: “Ainda atordoada pela tua falta / E comovida pela tua presença / A cada noite de show sobre teu cenário / Meus pés, meu canto, e tua criação / Permanecerão entrelaçados”.
ARRANJOS JAIME ALEM TULIO MOURÃO EXECUÇÃO DOS FIGURINOS DOS MÚSICOS GIOCONDA ...