ARTES PLÁSTICAS » PINTURA

PINTURA - ANOS 1960

Ao longo dos anos 1960, egresso da FAU/USP, formado arquiteto e urbanista, Flávio Império passa a colaborar profissionalmente com os colegas Sérgio Ferro e Rodrigo Lefèvre, abrindo com eles um escritório que se tornaria não apenas um ponto de referência para o meio arquitetônico, mas um centro propulsor de debates e discussões engajados social e politicamente, em sintonia com a própria prática arquitetônica do grupo, de cunho marxista. Cabe lembrar, a esse respeito, que, em 1968, Sérgio Ferro e Rodrigo Lèfevre tomaram parte ativa na luta armada contra a ditadura, e o próprio Flávio Império chegou a ser detido.

Simultaneamente ao inovador discurso arquitetônico e à atividade de resistência política, cada componente do grupo arrisca-se profissionalmente também nas artes visuais, havendo continuidade no caso de Império e Ferro. Caracterizada pela apropriação de signos e temas fortemente veiculados pela mídia ou presentes na vida cotidiana, a pintura produzida por Flávio Império nessa década é bastante distante dos ensaios naturalistas de sua iniciação. Em colagens pictóricas, o artista coloca, lado a lado, fragmentos de palavras-chave, figuras icônicas da política internacional, retratos de familiares, elementos arquitetônicos e estudos de formas clássicas de desenho. Em texto escrito em 1965, Mário Schenberg afirma: “Ele é indiscutivelmente o Daumier da arte satírica brasileira de hoje, potencialmente um dos maiores pintores satíricos contemporâneos de todo o mundo”. Coerentemente com esse viés, seus quadros passam a incorporar imagens de jornais e abordar, mesmo que de maneira indireta e não literal, os acontecimentos veiculados pela mídia. No texto escrito para acompanhar a sua exposição individual no Teatro de Arena (A Pintura Nova Tem a Cara do Cotidiano, 1966), o artista sintetiza perfeitamente essa relação da sua pintura com o momento histórico: “Muita gente acha minha pintura agressiva. Será? Nos tempos que correm, qualquer notícia de jornal é muito mais. Ou se lê muito pouco, ou existe uma crise generalizada de hipersensibilidade...”

DEPOIMENTOS

A PINTURA NOVA TEM A CARA DO COTIDIANO. CANSADA DA ADOLESCÊNCIA INTIMISTA DO ...

FLÁVIO IMPÉRIO
OBRAS