TEATRO DA COMUNIDADE CRISTO OPERÁRIO (1957)

Os primeiros trabalhos de Flávio Império como diretor, cenógrafo e figurinista teatral foram realizados em 1956 junto ao Grupo de Arte Dramática da Vila Brasílio Machado, abrigado pela Comunidade de Trabalho Cristo Operário, que viria a constituir a Comunidade de Trabalho Unilabor. Experiência inédita no Brasil, o núcleo de autogestão reuniu operários, intelectuais e artistas em atividades fabris, culturais e educacionais, sob a coordenação do frei dominicano João Batista Pereira dos Santos, a partir de 1950, em São Paulo.

O primeiro espetáculo realizado por Flávio Império na comunidade foi com as crianças da Biblioteca e Escolinha de Arte, uma espécie de ramificação do trabalho pioneiro realizado por Cynira Stocco e Sabá Gervásio. Tratou-se da montagem de Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado. Em seguida, assumiu o teatro adulto, até então dirigido por Maria Thereza Vargas, que se mudara para o Rio de Janeiro a fim de trabalhar no Teatro Tablado, dirigido pela mesma autora.

Entre os anos de 1956 e 1959, Flávio dividiu-se entre o curso da FAU/USP, então sediada na Rua Maranhão, no bairro de Higienópolis, e as atividades da Comunidade de Trabalho, na Estrada do Vergueiro.

Trabalhando sobre o exíguo palco de 4 x 3 metros, Flávio assumiu a direção, a cenografia e os figurinos da montagem das peças O Rapto das Cebolinhas e O Boi e o Burro a Caminho de Belém, ambos textos de Maria Clara Machado, em 1957; Quem Casa Quer Casa, de Martins Penna; e Humulus, o Mudo, de Jean Anouilh, em 1958, além de Natal no Circo, de sua autoria. No ano seguinte, a trupe tornou-se independente da instituição, levando as montagens para espaços alternativos no próprio bairro. A última apresentação do grupo foi no palco do Teatro de Arena.