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PATÉTICA (1980)

O cenário proposto por Flávio Império para Patética, remodela o galpão do Auditório Augusta. Posiciona o picadeiro no centro do espaço, a platéia a seu redor, em três lados, conformando um palco semi elisabetano. A platéia assiste à cena e é assistida simultaneamente. Sobre as cabeças, aplicada na estrutura do telhado, uma grande estrela de tecido indica a lona, sugere o céu, recoloca todos ali presentes ao relento. Sobre a tela do fundo, Flávio utiliza-se, mais uma vez da projeção de imagens como elemento complementar à colagem tridimensional.

Escrito sob o impacto da morte de Vladimir Herzog, cunhado do autor João Ribeiro Chaves Neto, o texto do espetáculo Patética venceu o Concurso Nacional de Dramaturgia realizado pelo Serviço Nacional de Teatro, em 1977, porém, logo em seguida foi oficialmente proibido pelo governo militar. A liberação da montagem dirigida por Celso Nunes, com cenários e figurinos de Flávio Império, fez parte do que se chamou na imprensa da época de “teatro da abertura”, isto é, encenações que haviam sido vetadas pela censura e, finalmente, chegavam ao público, no início dos anos 1980.

Nessa noite, uma trupe de circo, que está sendo despejada do terreno que ocupa, realiza seu último espetáculo. Ao invés de fazer o costumeiro espetáculo de atrações circenses, os atores mambembes, liderados pelo palhaço Bolota, levam à cena uma história real: a história dos sobreviventes Ana e Hans Horowitz, acompanhados de seu filho Glauco, migrantes judeus ioguslavos que adotam as terras brasileiras como nova pátria e nela reconstroem suas vidas.

Na platéia do espetáculo, o mesmo Glauco, porém já adulto e tornado jornalista de televisão, faz uma reportagem sobre a trupe do circo e sua situação de despejo. Aos poucos vai sendo acossado pelas forças de repressão que o mantém na mira. Ele resiste à idéia do perigo eminente, ao qual lhe chamam a atenção veementemente sua esposa, a mãe e o cunhado e , ao reafirmar seus princípios de cidadão livre, coloca-se à mercê das organizações paramilitares que terminam por matá-lo.

Patética baseia-se na história da família Herzog e faz a relação entre a perseguição nazista européia e a caça aos militantes políticos brasileiros durante a fase mais severa da ditadura militar.

Um espetáculo que apresenta diferentes planos: de um lado a encenação que conta uma “história de verdade”, de outro a realidade, que não passa de uma encenação, porém baseada em uma triste verdade histórica.

Estréia
30 de abril de 1980
Auditório Augusta
São Paulo - SP

Autoria
João Ribeiro Chaves Neto

Direção
Celso Nunes

Cenografia
Flávio Império

Figurino
Flávio Império

Iluminação
Luiz Ricardo Oliveira

Realização
7 CN Produções Artísticas

ASSISTENTE DEDIREÇÃO EDSON BARBIERI ASSISTENTES DE CENOGRAFIA GLÓRIA ...

DEPOIMENTOS

A PATÉTICA NÃO PASSA DE UMA TEIMA DO DIRETOR CELSO NUNES, QUERENDO ...

FLÁVIO IMPÉRIO

EU CONHECI O FLÁVIO ATRAVÉS DO TRABALHO DELE; EU ERA MACACO DE AUDITÓRIO ...

CELSO NUNES
CENÁRIO
FIGURINO
EM CENA
REPERCUSSÃO